A economia global em 2023 e os desafios para o Bitcoin

1 year ago 108

Desde o advento da Pandemia de Covid-19, todos os mercados, bem como todos os ativos estão sob intenso estresse e desafio; incluindo as economias mundiais que passam por diversas transformações em suas matrizes energéticas, mudanças de fluxo de capital e outros eventos que se seguiram a reboque da guerra da Ucrânia/Rússia que trouxe mais elementos de incerteza e aumento de inflação aos mercados.

Os EUA por sua vez como a locomotiva da economia mundial passam pelo período de inflacionário e maior pressão de juros desde a década de 70, durante a crise do petróleo e a perda do padrão ouro, que calçava o valor nominal do ouro. A inflação americana resultante direta da luta para manter os mercados ativos durante a Pandemia, atualmente sofrem os efeitos diretos do excesso de liquidez dado aos mercados e conta tem sido mais inflação e juros.

Na Europa além de todos esses mesmos efeitos vistos nos EUA, devido à luta contra a Covid, surgiu o elemento energético que serve de efeito colateral às sanções impostas à Rússia. O efeito direto foi o maior custo energético da história moderna, com aumento expressivo sobre o uso do gás natural e da eletricidade, elevando consequentemente o gasto público com fomento e subsídios para ajudar as famílias a pagarem suas contas de energia que em muitos países, como Itália e França se tornaram impagáveis para a classe média e pobre.

Portanto, diante de um cenário tão desafiador no mundo, o que esperar para 2023? Como as economias mundiais se comportarão e o que esperar para os ativos de risco, como Bitcoin e ações? Muitas perguntas e poucas respostas, por enquanto.

Fed diminui o ritmo

Depois de sinalizar a redução no ritmo de alta dos juros nos EUA, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) confirmou as expectativas e elevou a taxa de juros em 0,5 ponto percentual. O aumento menor vem depois de quatro altas consecutivas de 0,75 ponto. Apesar disso, a postura do Fed foi dura.

As previsões dos membros da instituição para a taxa básica americana nos próximos anos surpreenderam:

  • O pico dos juros deve ocorrer em 2023 e alcançar 5,1%, acima da projeção divulgada em setembro (4,6%) e da estimativa do mercado (4,8%)
  • Os juros devem permanecer elevados – acima de 3% – por um bom tempo para levar a inflação para a meta (2%)
  • Ao longo do caminho, o Fed prevê desemprego maior e menor crescimento da economia americana

Iniciado em março deste ano, o ciclo atual de alta de juros nos EUA se destacou por adotar o ritmo mais acelerado de aumentos desde 1980. A taxa, que estava perto de zero em março, encerra 2022 no intervalo entre 4,25% e 4,50%.

A economia americana caminha para um estagflação e os dados mostram isso claramente.

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Fonte: Bloomberg

Linha azul = expectativa de inflação dos EUA em 23. Linha branca = expectativa de PIB dos EUA em 23.

O que impede a queda da inflação nos EUA?

Os preços elevados nos EUA continuam sendo um desafio para o Fed. O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) avançou 7,1% em 12 meses até novembro. O núcleo do indicador – que exclui alimentos e energia do cálculo – teve alta de 6% no mesmo período.

Na comparação mensal, o CPI mostrou avanço moderado. A alta foi de 0,1% em novembro ante o 0,4% de outubro. O núcleo subiu 0,2% contra 0,3% no mesmo intervalo de comparação. O que mantém a inflação americana elevada é o aumento nos preços dos serviços, que seguem pressionados pelo mercado de trabalho aquecido.

Ao mesmo tempo em que o PMI está indicando uma retração à frente, outro indicador mostra que empresários nos EUA ainda estão dispostos a fazer investimentos nos próximos 6 meses. Para expandir capacidade, contratar mais. O Fed insiste em retrair a economia, mas o ritmo de crescimento de expansão empresarial, parece ignorar as tentativas do Fed.

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Fonte: Bloomberg

Linha azul: Índice de atividade industrial nos EUA. Linha branca: Confiança dos empresários americanos em aumentar os investimentos.

Zona do euro: mais juros

Pela quarta vez seguida, o Banco Central Europeu (BCE) elevou os juros na zona do euro. O aumento, de 0,5 ponto percentual, foi menor que o anterior, conforme esperado.

Apesar da redução no ritmo, a presidente da autoridade monetária, Christine Lagarde, reforçou que não há mudança de direção: os juros na zona do euro devem continuar subindo por um período longo, em ritmo constante, até chegar a um nível que o BCE considera suficiente para trazer a inflação para a meta (2%).

A zona do euro enfrenta a inflação mais alta da história do bloco, criado em 1999. O CPI europeu está em 10,1% em 12 meses até novembro, o que indica que a batalha contra a alta de preços está longe de terminar.

Qual o efeito desse cenário para os ativos de risco?

Nasdaq e Bitcoin por exemplo estão caminhando para um choque de oferta. Com a taxa de juros aumentando ainda mais, os títulos públicos atrairão toda a liquidez disponível nos mercados, tirando dinheiro dos ativos de risco, provavelmente, segundo o analista Caleb Franzen da Cubics, haverá pouca chance de ralis duradouros. Haverá, portanto, segundo ele pouca força compradora atuando em 23.

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