Haddad diz que “ficha caiu” para o mercado sobre ações de Bolsonaro em 2022 e sinaliza medidas prioritárias em três meses

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O novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou, nesta terça-feira (3), que pretende iniciar a discussão com o Congresso Nacional sobre as medidas que julga prioritárias para “recolocar a economia brasileira no rumo certo” até o fim de abril.

“Temos um trimestre para anunciar as medidas necessárias para recolocar a economia brasileira no rumo certo”, afirmou em entrevista concedida à TV 247.

Segundo ele, o prazo considera o calendário para a posse dos novos deputados e senadores e as eleições para as mesas diretoras das duas casas legislativas – eventos marcados para 1º de fevereiro. Além disso, a previsão contemplaria a instalação e o início dos trabalhos das comissões temáticas, tanto na Câmara dos Deputados, quanto no Senado Federal.

“Eu gostaria de, a partir de abril, mais para o final do mês, começar a discutir com o Congresso a reforma tributária e o novo arcabouço fiscal, que, no meu ponto de vista, podem e devem andar juntos”, salientou o novo ministro.

Ontem (2), em pronunciamento feito durante a cerimônia de transferência de cargo no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) em Brasília, Haddad indicou que pretende encaminhar o projeto de lei complementar sobre o novo arcabouço fiscal do país ainda no primeiro semestre – antes, portanto, da data limite estabelecido pela PEC da Transição, promulgada pelo Congresso Nacional em dezembro.

Haddad disse que as medidas que serão anunciadas têm por objetivo o “saneamento do que foi feito no ano passado”, em referência às medidas tomadas pelo agora ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na tentativa de garantir sua reeleição.

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Questionado se estaria havendo um ataque especulativo de agentes econômicos contra o atual governo, o novo ministro afirmou que está “caindo a ficha” do mercado. “Muitos não tinham a noção do governo que estavam apoiando. Tinha muita gente que achava que a economia estava a pleno vapor, com uma grande retomada. As pessoas estavam realmente iludidas”, afirmou.

“As pessoas não se davam conta e não fizeram conta de que Bolsonaro usou cerca de 3% do PIB – 1,5% de aumento de despesa e 1,5% de renúncia fiscal, das mais variadas ordens – para produzir o efeito que ele pretendia durante o processo eleitoral”, disse.

“Com R$ 300 bilhões disponíveis para torrar durante a eleição elegeria qualquer pessoa, menos contra Lula. É o que aprendemos em 2022”, continuou.

Haddad referiu-se a medidas como desonerações e políticas previstas na PEC dos Auxílios (batizada pelo próprio Paulo Guedes, ministro da Economia à época de PEC Kamikaze) – caso do aumento do Auxílio Brasil para R$ 600,00 mensais apenas até dezembro de 2022, o “voucher caminhoneiro”, o auxílio para taxistas e a ampliação do vale gás às vésperas do início da campanha eleitoral.

“Ninguém se insurgiu contra essas medidas porque ninguém queria dar a Bolsonaro o pretexto de que as eleições não eram legítimas. Então, ele fez o que quis. Tirar o pretexto de ele dar um golpe no país custou 3% do PIB”, afirmou.

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