Tesouro Direto: juros de prefixados chegam a 13,07%; mercado monitora resposta do governo a invasão no DF

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As cenas estarrecedoras de destruição de prédios públicos na capital federal neste domingo (8) são seguidas por um pregão com alguma turbulência nesta segunda-feira (9).

Em virtude da quebradeira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou intervenção na segurança pública do Distrito Federal. A medida foi tomada após grupos bolsonaristas radicais terem invadido o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto na véspera (9).

Apesar das consequências graves dos atos, agentes financeiros parecem demonstrar uma reação mais “contida”. Para eles, os efeitos econômicos não parecem ser grandes para o médio e longo prazos, mas, sim, no curto.

“O principal para os investidores agora é a resposta institucional que será dada. É a questão das punições, que já está sendo tratada. É essa reação com a intervenção federal”, pondera Luciano Costa, economista-chefe e sócio da Monte Bravo Investimentos.

Por volta das 10h40, a Bolsa apresentava leve alta de 0,21%, aos 109.195 pontos. O dólar, por sua vez, subia a 0,54%, a R$ 5,263.

No Tesouro Direto, a maior parte dos títulos públicos opera com alta nas taxas de até 15 pontos-base (0,15 ponto percentual) nesta manhã. Em momentos de forte aversão a risco, os juros já chegaram a saltar 40 pontos-base.

Nesta segunda-feira, o Tesouro Direto iniciou a negociação de papéis com prazo mais longo, caso do Tesouro Prefixado 2026, o Tesouro Selic 2026, o Tesouro Selic 2029 e o Tesouro IPCA+ 2029. Eles chegam para substituir os respectivos Tesouro Prefixado 2025, Tesouro Selic 2025, Tesouro Selic 2027 e o Tesouro IPCA+ 2026.

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O Tesouro Direto adota algumas referências de prazos para cada título e indexador. Quando o prazo dos títulos disponíveis na plataforma fica menor do que essa referência, o sistema “roda” o papel.

Entre os prefixados, por volta das 9h30, dois títulos ofereciam remuneração acima de 13% ao ano – caso do Tesouro Prefixado 2026 e do Tesouro Prefixado 2029, que pagavam 13,01% e de 13,07%, nessa ordem. Na sexta-feira (6), o papel com vencimento em 2029 oferecia uma remuneração de 12,92% ao ano. Já no caso do Tesouro Prefixado 2026 é um dos que passaram a ser negociados apenas hoje.

O Tesouro IPCA+ 2045 era o papel que oferecia o maior retorno real entre os títulos atrelados à inflação. Por volta das 9h30, o título entregava um juro real de 6,39% ao ano, acima dos 6,35% vistos na sexta-feira.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na manhã desta segunda-feira (9): 

Fonte: Tesouro Direto

Quebradeira em Brasília e decisão de Moraes

Na madrugada desta segunda-feira (9), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o afastamento do cargo de Ibaneis Rocha (MDB), governador do Distrito Federal, por um prazo inicial de 90 dias.

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Moraes também determinou a desocupação, em 24 horas, dos acampamentos de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) montados nas imediações de quartéis e outras unidades militares pelo País.

Na avaliação da equipe de política da XP, as invasões representam um “desgaste simbólico” porque atingiram prédios que abrigam o poder do Estado, mas se restringiram ao dia de domingo. Ou seja, ocorreram durante o recesso parlamentar e não provocaram interrupção de atividades, o que “minimiza suas consequências diretas imediatas”.

A casa também chama atenção para a postura condenatória unânime de atores da política institucional, incluindo o partido de Jair Bolsonaro (PL), que havia sido mais tolerante em episódios anteriores.

Para os especialistas, a consequência imediata dos eventos é que a política deve ver um “deslocamento da pauta de discussão”, que tende a fugir das medidas econômicas do ministério de Fernando Haddad (PT), ministro da Fazenda, para se concentrar em uma força-tarefa dos Três Poderes para encontrar e responsabilizar os culpados pelos atos.

“O Planalto pretende exibir reação firme e enérgica para evitar que a possibilidade de repetição dos episódios de ontem seja uma sombra com a qual o governo Lula precise conviver”, resumem os analistas da XP.

Costa, da Monte Bravo Investimentos, destaca que os eventos do fim de semana são muito “ruins” e devem deteriorar a percepção externa sobre o Brasil. Apesar disso, ele acredita que os efeitos serão mais do lado político do que econômico.

“A gente acha que tem pouco impacto se olharmos no médio prazo no andamento das negociações de medidas que devem ser tomadas do lado fiscal e de olho nas reformas”, diz. “Isso [o evento] enfraquece a oposição porque ela está mais associada a esse espectro político”, completa.

Refinarias da Petrobras

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) mapeou a evolução das manifestações políticas nas unidades da Petrobras (PETR3;PETR4) por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Pelas redes sociais, o grupo convocou novos atos contra o atual governo em refinarias da empresa, com foco na Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro, na segunda-feira, 9.

“Hoje não teve a presença de manifestantes na Reduc. Mas cabe destacar diversas mensagens circulando nas redes sociais convidando a presença de manifestantes na Reduc e em distribuidoras de combustíveis em Caxias. A polícia militar está no local”, informou a FUP.

O objetivo da convocação antidemocrática é bloquear o acesso de caminhões-tanque nas bases das empresas distribuidoras de combustíveis, sob o argumento de que sem combustível o Brasil vai parar.

De olho nos protestos, o Ministério de Minas e Energia (MME) afirmou que vai garantir o abastecimento nacional de combustíveis para os consumidores, segundo nota divulgada no fim da noite deste domingo (8), assinada pelo ministro Alexandre Silveira.

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De acordo com a nota do ministério, “está garantido o funcionamento adequado de refinarias, terminais e bases de distribuição”.

Focus: inflação maior em 2023, 2024 e 2025

Os analistas do mercado financeiro continuaram a aumentar a expectativa para a inflação de 2023, 2024 e 2025, segundo projeções divulgadas nesta segunda-feira (9) pelo Relatório Focus, do Banco Central.

A expectativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu para 2023 (de 5,31% para 5,36%), 2024 (de 3,65% para 3,70%) e 2025 (de 3,25% para 3,30%).

A previsão da taxa de juros básica da economia brasileira (Selic) foi mantida em 12,25% para este ano, mas a de 2024 subiu de 9,0% para 9,25%. A de 2025 continuou em 8,0%.

Segundo as mais de 100 instituições financeiras consultadas semanalmente pelo BC, a projeção para Produto Interno Bruto (PIB) de 2023 foi reduzida de 0,80% para 0,78% desde a semana passada.

A estimativa para o dólar subiu de R$ 5,27 para R$ 5,28 neste ano, e de R$ 5,26 para R$ 5,30 em 2024. Para 2025, foi mantida em R$ 5,30.

Também foi registrada projeção menor para a balança comercial nos três anos à frente: para 2023, o superávit caiu de US$ 58 bilhões há uma semana para US$ 56,61 bilhões; para 2024, foi reduzida de US$ 53 bilhões para US$ 52.40 bilhões, e, para 2025, recuou de US$ 60 bilhões para US$ 55 bilhões.

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